VIAJAR A SOLO MUDA-TE PARA SEMPRE
- Maggie
- 11 de jan. de 2024
- 3 min de leitura
Há pouco tempo, li um artigo que caracterizava os viajantes a solo como pessoas fascinantes e misteriosas. O título cativou-me de imediato e comecei a ler o artigo sem conseguir desviar os olhos até ao último ponto final.
A determinada altura, o autor questiona-se se a decisão de viajar a solo é uma escolha ou uma consequência. Mas será algo assim tão fácil de entender?

Copenhaga, 3 outubro 2022, 17:50h
Sentei-me num banco em frente ao rio para descansar, ver o pôr-do-sol e observar a vida dos locais. Tinha estado um dia frio de sol incrível e antes de partir à caça do meu primeiro hambúrguer do Gasoline Grill, decidi parar, respirar e simplesmente aproveitar aquele final de tarde. Sentou-se uma rapariga ao meu lado e começou a gravar um áudio para a mãe, a explicar que estava bem, que a viagem estava a ser espetacular e que no dia seguinte regressaria a casa e ao trabalho. Era brasileira. Quando terminou, eu disse-lhe "Olá" em português e ela respondeu-me, genuinamente feliz, "Olá você também fala português, que coincidência. Você vive cá?".
Começamos a conversar sobre tudo e mais alguma coisa, ela vivia e trabalhava em Berlim e decidiu, espontaneamente, fazer mais uma escapadinha a solo até Copenhaga. Contou-me várias peripécias em viagens anteriores, mas quando questionei porque é que começou a viajar a solo, não me respondeu, simplesmente encolheu os ombros e disse "sabe Maggie, às vezes a vida dá voltas para nos dar lições".
Copenhaga não foi a minha primeira viagem a solo, mas a simples conversa do banco de jardim fez-me consolidar pensamentos que já carregava desde a primeira viagem em 2021.
Nós nunca sabemos pelo que é que as outras pessoas passaram ou estão a passar, cada um trava as suas próprias batalhas e nunca devemos menosprezar ou julgar, porque aquilo que para nós pode ser insignificante, para outra pessoa pode ter a maior importância do mundo. Nem todos sentimentos a vida da mesma maneira e é isso que nos torna especiais.
Viajar a solo ensinou-me, além de muitas outras coisas, a ter a capacidade de colocar sempre vários cenários para uma situação ou pessoa, ensinou-me que nem sempre aquilo que vemos é o que realmente é. Há sempre mais por trás de alguém ou algo e cabe a cada pessoa decidir se dá uma oportunidade de entender ou se segue com a ideia pré-fabricada que o cérebro, por influência de crenças e valores, lhe impôs naquele momento perante aquela situação ou pessoa.
Viajar a solo, não é só viajar, nem conhecer só um país novo e colecionar memórias e bandeiras. Viajar a solo é conhecermo-nos a nós mesmos, quebrar barreiras, arriscar, desafiarmo-nos, ultrapassar traumas e talvez curar feridas. É aprender a viver de outra forma, olhar para o mundo e para as pessoas de outra perspetiva e entender que o ganho está nas diferenças.
Viajar a solo provoca em nós uma mudança gigante. Receber e aceitar essa mudança é um ato de coragem que nem todas as pessoas são capazes de tomar. Podes nem te aperceber da mudança posterior à viagem, mas ela acontece de facto e eu reparei nisso até em pequenos hábitos do dia-a-dia.
Quando regressamos a casa as pessoas perguntam como foi a viagem, da forma mais natural possível, como se tivesse sido só mais uma simples viagem, quando na realidade, foi mais uma viagem que mudou a nossa vida e o melhor de tudo é que só nós sabemos o porquê, o quanto mudámos e se a viagem foi uma escolha ou uma consequência.
Será sempre o nosso pequeno segredo e é por isso que as pessoas que viajam a solo são misteriosas. Porque mais ninguém, saberá o porquê por trás de uma viagem a solo, pelo menos não a verdadeira e mais profunda razão, porque às vezes nem nós próprios sabemos no momento.
A única certeza que tenho é que a primeira vez que embarcamos num avião a solo, nunca mais voltamos a ser a mesma pessoa. E esta é a magia de viajar a solo, além de todas as pessoas fascinantes que conhecemos pelo caminho e as memórias que ficam para um dia mais tarde recordar.
Se todos devíamos viajar a solo? Não, nem todos temos ou precisamos de o fazer porque somos todos diferentes. Contudo, todos o devíamos experimentar pelo menos uma vez na vida, porque o impacto que tem nas nossas vidas é tremendamente positivo.
Com amor,
Maggie
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